sexta-feira, 14 de março de 2008
De todos, eu escolho a leveza.
Ligia permanecia. EM CIMA, embaixo, EM CIMA, embaixo...tudo bem, ela estava acostumando-se aos movimentos simultâneos do seu espaço. Gostava da vista, da paisagem que via ali do alto, da atmosfera alegre repleta de esperança, de energias positivas, pensamentos coloridos. Gira, gira. Novo ponto de vista, novo ângulo formado: azul escuro, branco e preto eram as cores predominantes agora. Indiferença era a palavra escrita no ar frio. Aqui não existe lugar para energia. Há apenas ação e reação, crua, escancarada. Tão escancarada e explícita que acaba levando a fama de rebelde, inconsequente, impulsiva. Não, não era rebeldia, eram as dores e as mágoas dando o ar de sua graça, andando pela paisagem para relembrar daquilo que nós persistimos em não ver mas que continua ali, todos os dias. A verdade inconviniente, as coisas que jogamos por aí, que dizemos que não lembramos mais, que passou, que não deixou nada aqui. Mentira. Está tudo guardado, no fundo, esperando para aparecer. A partir do momento em que ela permaneceu, descobriu o M E I O: a leveza, com a sua cor de creme e de quindim, tentando expremer-se entre os dois extremos. Ali, Ligia entendeu que os seus movimentos simultâneos possuiam uma duração, desordenada muitas vezes, mas persistente. Não havia com o que se preocupar, não dependia dela ou de ninguém. O que mudou foi a sua forma. Deixou de ser molde e tornou-se matéria: maleável, desprendida, encaixando-se onde nunca imaginou que pudesse.
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